Já foi dada a largada para a campanha eleitoral e até o dia das
eleições seremos bombardeados por placas de propaganda, intermináveis
pedidos de votos, seja pela TV, internet ou mesmo pelo depósito de
correspondências de nossas casas. Nesse bolo eleitoral, o que tem me
preocupado é o aumento de pastores envolvidos com algum político,
engajado em conseguir votos ou mesmo como candidato. Isso é perceptível
aqui na minha região e, tenho certeza, é uma tendência por todo o
Brasil.
Sendo assim, é bom frisar algumas verdades para os – espertinhos –
pastores ou membros que estejam pensando em usar sua igreja local como
ferramenta de votos, se aproveitando da influência e até do carinho
cultivado pelas ovelhas. Vamos a eles:
1. Usar o púlpito como plataforma política é uma tremenda demonstração de oportunismo e falta de conversão.
Pense muito bem no que representa o púlpito de uma igreja e respeite a
finalidade a ele destinada ao longo de 2000 anos de cristianismo. Nas
palavras do reformador Calvino, o Púlpito é o lugar de onde Deus governa
sua igreja e, portanto, não utilize-o para candidato – honesto ou não,
cristão ou não – pedir votos, pois isso é uma tremenda afronta à Bíblia,
um desrespeito a Deus e a seus liderados. Dele devem sair palavras de
salvação para um povo que anseia por Deus e pela vida eterna e não
mensagens políticas para eleitores. Ele é um lugar para ser dirigido por
santos, idôneos e autênticos evangelistas.
É bom lembrar que políticos querendo um púlpito para fazer campanha
política não vão faltar nessas eleições, haja vista a polêmica
influência evangélica no resultado das últimas eleições. Há registros de
que um congresso muito conhecido teria recebido verba de um candidato a
presidente para discursar em uma de suas reuniões. Isso é crime,
corrupção e pecado!
2. Pressionar, manipular ou exigir o voto da membresia para um determinado candidato é crime eleitoral.
O Brasil, pelo menos oficialmente, não tolera e condena o “voto de
cabresto”, aquele voto que é obtido por meio de pressões ou ameaças
vindas de alguém superior em troca de favores. Há muitos pastores que,
se valendo de seu carisma e influência, apontam descaradamente e
orientam em quem deve votar seu rebanho. Isso é crime e, se for
comprovado, pode dar cadeia. Portanto, não tome os caminhos que muitos
líderes já corrompidos tomaram, indo após outros “deuses”.
3. Ministério e vida política não se misturam
Não vejo problemas em termos políticos evangélicos. Mas é necessário
que sejam evangélicos políticos primeiro. Com isto quero dizer que devam
fazer política sob a ética e a cosmovisão cristã, dando exemplo como
tal e servindo o povo, independente de classe econômica, religião ou
cor.
Agora, para tal é necessário uma completa separação de ministério e
carreira política. Para se lançar, é fundamental renunciar todas as
funções de liderança e de destaque na igreja e preservá-la de qualquer
associação indevida com seu nome, ambições e comportamento após eleito,
seja bom ou ruim. O Censo brasileiro mostrou que houve um crescimento
significativo de evangélicos e isso, naturalmente, vai resultar em mais
candidatos do segmento. Para tais, com grande chance de serem
despreparados, vai a dica: Igreja é uma congregação de santos e não de
eleitores.
4. Ensine seus membros a exercerem cidadania
Por fim, vejo que é função de toda liderança instruir seus membros
quanto a importância da democracia, do serviço público, da cidadania e
da política. Não apenas em época de eleições, mas formar um grupo de
pensadores e pessoas conscientes de sua função e importância na
sociedade; que um bom governo passa por bons políticos; que bons
políticos governam para o povo e não para seus interesses; que, como
cidadãos, temos o direito e o dever de exigir uma boa administração e
serviço por parte daqueles em quem confiamos nosso voto. Isso sim é ser
uma igreja com um pensamento político correto.
Essa postura certamente irá afastar políticos aproveitadores, ministros
oportunistas e preservar a igreja e nossos púlpitos, tão corrompidos.
Que o Senhor preserve os púlpitos e as verdadeiras igrejas desse ataque
do inferno. Certamente ele o fará onde o verdadeiro evangelho é pregado e
onde há pastores e não lobos. TIAGO LINO HENRIQUES
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